Principais heranças de 10 filósofos contemporâneos

Jacques Derrida (1930–2004)
Pós-modernista francês e líder do movimento desconstrutivista. Derrida privilegia os aspectos retóricos inconscientes dos textos, argumentando que a atenção aos pormenores irrelevantes subverte muitas vezes as principais doutrinas de um texto. O processo de desconstrução consiste em mostrar como a mensagem ostensiva de um autor é minada por outros aspectos da sua formulação.

John Dewey (1859-1952)
Educador, reformador social e filósofo do pragmatismo americano. Foi influenciado por Hegel, e os seus textos nunca perderam o entusiasmo pelo que é dinâmico, vital e progressivo. A sua obra assumiu uma tendência mais prática quando, em 1894, se tornou diretor do departamento de filosofia, psicologia e educação de Chicago. A sua obra enquanto psicólogo e pensador da educação cristalizou uma reação contra as práticas educativas do seu tempo, excessivamente rígidas e formais. Dewey percebeu que a criança é uma criatura ativa, exploradora e inquisitiva, e por isso a tarefa da educação consiste em alimentar a experiência introduzida pelo conhecimento e pelas aptidões naturais.

George Dickie (1926- ) 
Dickie é um dos mais importantes filósofos da arte da atualidade.  Publicou vários livros sobre teoria estética, história da estética e filosofia da arte. No domínio da teoria estética é muito conhecida a sua crítica da noção de experiência estética, herdada de Kant, de acordo com a qual o desinteresse é a sua marca distintiva. Ele responde às mais importantes objeções à chamada “teoria institucional” da arte, acabando por reformular a sua versão original. Escreveu também sobre os problemas da avaliação e do valor da arte.


Ronald Dworkin (1931-2013)
Filósofo do Direito, de nacionalidade americana. É conhecido pela sua defesa do “realismo legal”, que aqui significa o lugar integral que as considerações morais e pragmáticas têm nos processos de tomada de decisões legais, em oposição ao que ele vê como a sua exclusão pelo positivismo legal. Liberal e democrata, Dworkin baseia os direitos constitucionais num direito fundamental de todas as pessoas à igualdade de consideração e respeito.

Michel Foucault (1926-1984)
Historiador e filósofo francês. A sua obra bastante diversificada — entre a história, a filosofia, a psicanálise e a linguística — foi extraordinariamente influente, levantando novas questões quanto ao carácter histórico das categorias da experiência social. Foucault interessava-se especialmente pela utilização da razão e da ciência como instrumentos de poder, em domínios como a criminologia e a medicina. Ele fazia um levantamento das atitudes ocidentais para com a loucura, e teve uma influência determinante no diagnóstico daquilo que, apesar de poder parecer constituir um avanço progressista e humano no tratamento, constituía afinal um aspecto do aumento do controlo social e político.

Hans-Georg Gadamer (1900-2002)
Filósofo alemão, ele é famoso pela sua investigação sobre a teoria da interpretação e por defender aquilo que veio a ser conhecido como a “teoria da resposta do leitor”. De acordo com esta teoria, o significado de um texto nunca é determinado apenas por factos acerca do autor e do seu público original; é, de igual modo, determinado pela situação histórica do intérprete. A metáfora mais usada neste contexto é a da “fusão de horizontes”, que surge quando o autor, historicamente situado, e o leitor, igualmente historicamente situado, conseguem partilhar um significado.

Nelson Goodman (1906-1998)
Filósofo americano. Goodman está associado a um nominalismo extremo, ou seja, uma desconfiança em relação a qualquer apelo a uma noção de semelhança entre duas coisas, quando isto é concebido como algo independente das nossas propensões linguísticas para lhes aplicar o mesmo termo.

Jürgen Habermas (1929- )
Habermas é, atualmente, o representante mais importante da escola de Frankfurt, e é conhecido pelo seu estudo persistente dos problemas da natureza da comunicação e da autoconsciência e do seu papel causal na ação social. Habermas distingue três interesses cognitivos comuns aos seres humanos: o interesse técnico em conhecer e controlar o mundo à nossa volta, o interesse em conseguirmos entendermo-nos uns aos outros e em colaborarmos em atividades comuns e, por fim, o interesse em eliminar distorções na nossa compreensão de nós mesmos, dando este último origem às ciências críticas.

Martin Heidegger (1889-1976)
Existencialista e crítico social alemão. Ele dizia que a humanidade moderna perdeu a “proximidade e o abrigo” do Ser; já não nos sentimos à vontade no mundo como o homem primitivo se sentia; a verdade já não nos é revelada; o pensamento está separado do Ser e apenas um pequeno número de privilegiados podem ter alguma esperança de recuperar a unidade com o Ser. Muitos destes temas, em especial a crença na possibilidade de escapar da metafísica e voltar a uma comunhão autêntica com a natureza independente, eram lugares-comuns do romantismo alemão, mas a maneira como foram reformulados por Heidegger cativou a imaginação do século XX.

Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) 
Fenomenólogo francês, ele antecipa muitas das preocupações dos filósofos analíticos quanto à percepção. Merleau-Ponty sublinha, em particular, que a nossa experiência não constitui um domínio reservado e privado, mas antes um modo de ser-no-mundo. Segundo ele, nós vivemos as nossas vidas inseridos no coração perceptivo de um mundo humano, irredutível à consciência pura ou privada.  Ele explora a relação experiencial que temos com o mundo. Os seus escritos notabilizam-se por uma extensa e elucidativa descrição da nossa relação com os nossos corpos quando percepcionamos e quando agimos. 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Dúvida Filosófica

Corpo e alma em Aristóteles

Condutas massificadas