A atual crise econômica mundial

O que seria uma crise econômica mundial? Uma crise é um desequilíbrio que ocorre em setores isolados da economia, mas que pode contaminar todo o sistema econômico. Esses desequilíbrios sempre ocorreram, mesmo antes do capitalismo, quando acontecia, por exemplo, uma enorme falta de um bem material, provocada, quase sempre, por fatores naturais (secas, inundações, etc.) ou acontecimentos sociais (guerras, revoluções, etc.).

À medida que o capitalismo evoluiu e que a economia se tornou mais complexa, as crises continuaram a ocorrer, pois elas fazem parte de um processo cíclico, dentro do desenvolvimento econômico. São variações  que se repetem e que são alternadas de expansão e contração da atividade econômica, e podem ocorrer com diferentes intensidades.

Esta nossa atual crise começou a partir de 2001, quando o mercado imobiliário dos Estados Unidos passou por uma fase de expansão acelerada. Com a ajuda do Federal Reserve (o Banco Central norte-americano), que passou a reduzir a taxa de juros, a demanda por imóveis cresceu, atraindo compradores.

Ao mesmo tempo, com os juros baixos, cresceu o número de pessoas que hipotecavam seus imóveis, a fim de usar o dinheiro da hipoteca para pagar dívidas ou consumir. Em meio à "febre" de comprar imóveis ou hipotecá-los, as companhias hipotecárias passaram a atender clientes do segmento subprime (de baixa renda, às vezes com histórico de inadimplência). Contudo, como o risco de inadimplência desse setor é maior, os juros cobrados também eram maiores.

Diante da promessa de retornos altos aos empréstimos, os bancos compravam esses títulos subprime das companhias hipotecárias e liberavam novas quantias de dinheiro, antes de o primeiro empréstimo ser pago. Ao mesmo tempo, esses títulos lastreados em hipotecas eram vendidos a outros investidores, que, por sua vez, também emitiam seus próprios títulos, igualmente lastreados nos subprime, passando-os, a seguir, para frente.

Todos se esqueceram, no entanto, de que se o primeiro tomador do empréstimo não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não-recebimento, de tal maneira que todo o mercado passa a ter medo de continuar emprestando dinheiro ou comprando novos títulos subprime. A partir de 2006, os juros, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e afastaram os compradores de imóveis. Como a oferta começou a superar a demanda, o valor dos imóveis passou a cair. Com a subida dos juros, as dívidas ficaram mais caras (e também as prestações das hipotecas), o que aumentou a inadimplência, fazendo com que a oferta de crédito também diminuísse.

Sem oferta de crédito, a economia dos EUA se desaqueceu, pois, se há menos dinheiro disponível, compra-se menos, o lucro das empresas diminui e empregos não são gerados. Preocupado com os pagamentos de créditos subprime nos EUA, o banco BNP Paribas congelou cerca de 2 bilhões de euros de alguns fundos. O mercado imobiliário, então, entrou em pânico, pois o ciclo de empréstimos sobre empréstimos havia sido congelado. Começaram a surgir os pedidos de concordata.

A crise passou a afetar todo o sistema bancário. Afinal, as instituições financeiras apostavam nos títulos subprime. Várias instituições se viram à beira da falência. E foi descoberto que, com a globalização, o sistema financeiro internacional estava contaminado e sofreria graves consequências. Instalou-se, assim, uma crise de confiança e os bancos pararam de emprestar, congelando a economia, reduzindo o lucro das empresas e provocando desemprego.

Assim sendo, muitos países entraram em recessão, e seus respectivos governos têm, desde então, tomado diferentes medidas para aquecer a economia e, ao mesmo tempo, garantir que o sistema financeiro volte a emprestar.

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