As mulheres e o exercício de pensar
A questão das mulheres, ou a questão de gênero de uma forma mais ampla, sempre esteve presente na filosofia. Entre os textos clássicos da filosofia grega, encontramos vários pensadores do sexo masculino que trazem as questões das mulheres, numa espécie do que significa o papel e o sentido da mulher. Em Aristóteles, por exemplo, percebemos a referida mulher como um ser inferior, com uma incapacidade racional. É uma leitura que a inferioriza e que a coloca num papel menor dentro dessa grande atividade que é o pensar.
Simone de Beauvoir (1908-1986), em seu livro “O segundo sexo”, já discutia essas questões, refletindo o quanto as mulheres, historicamente, estavam próximas da natureza, representando um senso comum que traduz e espelha o próprio pensamento, a história das ideias no Ocidente. Ou seja, se enfatiza a ideia de que a mulher está muito mais ligada à emoção, ao instinto, ao irracional. Essa dicotomia que se construiu e que delegou à mulher uma emoção e ao homem uma racionalidade é vista a partir de uma hierarquia, ou seja, dentro dessa relação em que o emocional tem um peso menor do que o racional.
Outra forma de pensar o tema é o resgatar as mulheres filósofas. Quem conta a história é quem vence. Então a nossa dificuldade é também a de resgatar e fazer uma releitura da história da filosofia, trazendo pensadoras dos diferentes momentos históricos. Assim, fazemos um trabalho arqueológico, de reconstruir e perseguir os vestígios dessa história que se apagou em muitos momentos. Isso eu vejo como uma obrigação e como um dever para a justiça da própria história.
Outra questão, que é mais recente, é de pensar um campo da filosofia, que hoje se chama de Filosofia Feminista. Teremos aí toda uma releitura da história da filosofia a partir de uma perspectiva feminista, em que a defesa da posição e das ideias das mulheres é fundamental.
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