Reflexões sobre o racismo

A palavra raça, apesar de ter origem biológica, não tem base científica para definir, e muito menos classificar, seres humanos. Apesar disso, a sociedade faz uso da palavra raça com sentido político, isto é, para definir diferenças entre pessoas.

Para legitimar posições racistas, usa-se uma diferença biológica (que é superficial, pois não há raças entre os humanos) ou cultural (religião, modo de se vestir ou falar), justificando privilégios e exclusão social. O acusador coloca-se como superior em relação à vítima do racismo.

Quando exibimos as diferenças, de modo que ninguém seja agredido ou excluído ou colocado em uma condição de inferioridade, não se trata de racismo.  Dizer que André é negro, Paulo é branco, Mário é loiro, etc. não significa racismo. Dizer que Luisa tem um cabelo trançado muito bonito e Márcia tem um cabelo loiro dourado, não é racismo. No entanto, usar essas diferenças para discriminar ou tentar humilhar ou “diminuir” o outro consiste em racismo.

Por isso, é importante identificar o racismo feito sem palavras e que pode ser expresso nas mais variadas formas de linguagem.

Ter amigos negros não faz de ninguém menos racista. Ser filho ou parente de negro também não. O que impede uma pessoa de ser racista é entender que o racismo é um mal cruel e excludente, que relega as vítimas à pobreza material e à destruição de seus valores e de sua cultura.

A relação do racista com sua vítima está ligada, diretamente, ao pensamento de dominação de um povo sobre outro, de um indivíduo sobre o outro. A atitude racista é uma atitude de dominação, característica dos processos de colonização que empreenderam diferentes impérios ao longo da história da humanidade. A dominação dos europeus contra africanos e americanos levou à escravidão de negros e índios que tão bem conhecemos no Brasil.

O racismo não apenas mata, mas deixa morrer e faz matar. Por isso a escola deve valorizar atitudes antirracistas, para construir consciência e favorecer práticas de valorização da vida. Assim, o antirracismo se traduz em duas condições, uma ética e outra política. A condição ética trata de refletir sobre si para não cometer a violência. A condição política se ocupa de evitar ações racistas de outras pessoas e exigir que as autoridades promovam a inclusão das vítimas, participando ou se solidarizando com grupos representativos dessa minoria, que é minoria no usufruto dos seus direitos e não em termos de números.

Para não se comprometer com o racismo, é preciso ser antirracista, pois, quem não se opões ao racismo diretamente coloca-se em uma opção de banalidade e omissão em relação às vítimas, e ainda colhe os frutos do racismo. Se a vítima não combate o racismo, então, vai colher os frutos da discriminação.

A condição do negro está ligada ao racismo, e à miséria. Considerando a população brasileira em geral, pode-se afirmar que raros são os casos nos quais os negros superam condição de pobreza ou mesmo de miséria e recebem notoriedade social.

A miséria causada pelo racismo e pelas políticas de Estado pós-libertação dos escravos e a despreocupação das autoridades geraram um contingente de excluídos ou marginalizados, que são reconhecidos pela mesma cor de pele, cabelo, lábios e cultura de raízes africanas – os negros.

A falta do mínimo necessário para a vida gerou e gera duas orientações: a revolta e a acomodação. A revolta pode ser política, isto é, negros e negras se encontram para discutir o que lhes faz sofrer e cobrar das autoridades a igualdade. A acomodação pode ser entendida como uma alienação.

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